quarta-feira, 29 de junho de 2011

O velhinho

Quando chegava em casa da escola, quase sempre dava de cara com um velhinho que morava na minha rua. Sempre vinha acompanhada de amigos, porem quando via esse senhor sempre parava e ficava observando-o. O engraçado mesmo é que todos os cachorros da rua latiam pra ele, os que estavam dentro de casa, pois os vira-latas da rua vinham em sua direção raivosos. O senhor (que até hoje não sei o nome), fazia gestos de horror e espantava os cachorros e era uma cena muito engraçada... Parecia que o velhinho ia quebrar a qualquer momento.

E toda vez que os cachorros caiam fora o velhinho olhava pra gente que estava passando no momento e abria um grande sorriso. E naqueles olhos expressivos havia um reflexo de uma vida toda.


Eu não sei o por que, mas criei um carinho tão grande por aquele senhor. E pensei no fato de que estamos correndo a cada dia pra uma sociedade fria, onde tanta gente jovem passa por você e nem ao menos te encara, enquanto aquele senhor já cruzando a linha da vida e da morte, olha pra você e te salva o dia com apenas um sorriso.

Eu certamente lamentarei mesmo se um dia ouvir a notícia de que aquele velhinho que tinha tanta energia pra espantar os cachorros da minha rua chegara a falecer. Pois significará mais uma perda de uma sociedade quase escassa.






 Em um dia chuvoso, lá estava o velhinho correndo atrás de abrigo. Eu que estava na porta da minha casa ofereci para que esperasse a chuva passar no terraço . Ele aceitou e ficou no portão da minha casa olhando os pingos grossos d'água caírem no chão. Eu apenas fiz companhia a ele e participei ao seu lado o seu momento de reflexão. Um dia chegaria a minha vez de ter aquelas rugas, mas não sabia se teria a mesma força e vontade de viver daquele senhor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário